quinta-feira, 2 de abril de 2015
Foto: Renzo Gostoli / Bloomberg
A
Petrobras poderá ter de adiar, mais uma vez, a publicação do balanço
financeiro do ano passado. Marcada para o dia 30 de abril, a divulgação
pode atrasar porque os métodos adotados para apurar os resultados ainda
estão sob análise da autoridade americana responsável pela vigilância do
mercado, a SEC (Securities and Exchange Comission). Os técnicos da SEC
receberam o relatório há duas semanas e não se manifestaram oficialmente
sobre os procedimentos. Fontes ligadas à Petrobras dizem, porém, que há
sinais de que a metodologia será aprovada. O novo cálculo não levará em
conta os prejuízos causados pela corrupção revelada pela Operação Lava
Jato. E deverá levar a uma baixa contábil - redução do valor dos ativos
da empresa - bem menor do que a conta anterior, feita em janeiro pela
consultoria Delloite e pelo banco BNP. Pelos cálculos da Delloite, os
ativos da Petrobras estavam inflados em R$ 88,6 bilhões - resultado de
vários problemas, do superfaturamento das obras e à queda do preço do
petróleo, que provoca desvalorização dos ativos. A crise provocada pela
divulgação dos R$ 88,6 bilhões foi apontada como a causa da queda da
presidente da Petrobras, Maria Graça Foster. Desta vez, o método é
diferente e o resultado é menor. Segundo uma fonte ligada à estatal, o
valor final da baixa contábil ainda não foi definido, mas deve ficar
entre R$ 20 bilhões e R$ 40 bilhões. Para chegar a este número, a
Petrobras não atualizou o valor de cada refinaria, alvo das
investigações da Lava Jato, mas do conjunto delas. "Levamos em conta a
sinergia entre as refinarias", diz a fonte. Segundo esta fonte, é
inviável calcular as perdas com a corrupção. A metodologia adotada agora
é mesma usada tradicionalmente pela companhia. A origem da baixa
contábil mudou: agora está concentrada na reavaliação de projetos que a
Petrobras colocou para 'hibernar' ou vender, principalmente as
refinarias que não vão sair do papel.
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