Investigação na Fifa: Marin é acusado de receber ao menos R$ 20 milhões em propina



reportagem O Globo
O ex-presidente da CBF José Maria Marin foi citado nominalmente, em documento do Departamento de Justiça dos EUA, como um dos beneficiários do esquema de pagamento de propinas envolvendo a Fifa. Marin aparece em duas negociações distintas: a primeira, envolvendo a venda de direitos de transmissão de quatro edições da Copa América. A segunda, em relação a contratos de marketing na Copa do Brasil. Ambas, no total, já teriam rendido R$ 21,8 milhões em subornos.
Segundo o documento, a empresa Datisa acertou o pagamento de até R$ 340 milhões em propinas pelos direitos de transmissão da Copa América de 2015, 2016, 2019 e 2023. Deste montante, parcelas de R$ 9,6 milhões seriam destinadas para o presidente em exercício da CBF — à época, Marin — por cada edição da competição, além de “luvas” pela assinatura do contrato. Assim, Marin já teria recebido duas cotas de quase R$ 10 milhões — as luvas do contrato e pela Copa América de 2015 — totalizando cerca de 20 milhões de reais em propina pagos ao ex-presidente da CBF até este ano. Considerando as propinas acertadas para as três edições futuras, o valor total de dinheiro destinado a Marin ultrapassaria R$ 50 milhões.
Outra linha de investigação diz respeito à venda dos direitos de marketing da Copa do Brasil a partir de 2013. Segundo o documento do Departamento de Justiça norte-americano, a consolidação do acordo com a empresa Traffic, em agosto de 2012, foi condicionada ao pagamento de subornos no valor de R$ 2 milhões por ano, até 2022 — quando se encerraria o contrato com a empresa em questão. A propina seria dividida entre Marin e outros dois "co-conspiradores" — não citados nominalmente no documento. Assim, até este ano, Marin já teria recebido cerca de R$ 2,6 milhões. Se o acordo fosse cumprido integralmente, o ex-presidente da CBF embolsaria aproximadamente R$ 6,7 milhões.
FIFA AFASTA MARIN E OUTROS DEZ DIRIGENTES
José Maria Marin e outros dez dirigentes da Fifa foram presos na madrugada desta quarta-feira em Zurique, Suíça, onde será realizada a eleição para presidente da entidade na sexta. O indiciamento partiu do Departamento de Justiça dos EUA, que pediu ainda a extradição dos investigados no esquema de corrupção.
Na tarde desta quarta-feira, a Fifa comunicou através de nota oficial o afastamento dos 11 dirigentes de alto escalão citados no documento do Departamento de Justiça dos EUA. Além do ex-presidente da CBF, os investigados são: Jeffrey Webb, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Jack Warner, Eugenio Figueredo, Rafael Esquivel, Nicolas Leoz, Chuck Blazer e Daryll Warner.

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