Ex-borracheiro, juiz recém-empossado no DF estudou com 200 quilos de resumo por 4 anos

Ex-borracheiro, juiz recém-empossado no DF estudou com 200 quilos de resumo por 4 anos
Spanholo em cerimônia de posse no TRF-DF, em Brasília | Foto: TRE/Divulgação
Um ex-borracheiro alcançou o sonho de ser magistrado em Brasília. Rolando Valcir Spanholo, de 38 anos, foi empossado, em janeiro, juiz do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Exemplo de superação, Spanholo, filho de costureira e borracheiro, acumulou, entre diversos empregos (costureiro, lavador de carros e vendedor ambulante) e uma pesada rotina de estudos para concursos públicos, 200 quilos de resumos de disciplinas de direito. De acordo com o site de notícias G1, o gaúcho de Sananduva conta que a ideia de virar juiz veio tarde, já no final da faculdade e por influência de um professor. Até então o objetivo dele era apenas “melhorar de vida”. Ele conta que a graduação já era uma grande superação para os quatro irmãos, que trocavam de roupa e sapatos entre si para não irem todos os dias vestidos do mesmo jeito para a faculdade. O trabalho começou cedo. Entre os 9 anos e os 15 anos, os cinco consertavam pneus e lavavam carros junto com o pai. “Durante o inverno, as mãos e os pés ficavam quase sempre congelados”. O trabalho também foi motivo para faltas frequentes na faculdade, que aconteciam em média duas vezes por semana. Como conseqüência, ficou de recuperação nos dez semestres do curso.  A partir daí, participou de dezenas de seleções. Para se preparar, o magistrado passou a estudar a vida de pessoas que já haviam alcançado aprovação no concurso que ele queria, identificando estratégias e métodos de estudos para traçar o plano de como se prepararia. “Logo percebi que, por conta das minhas limitações – tempo, lugar, idade —, muitas delas eu não conseguiria executar, como frequentar cursos preparatórios, estudar por ‘doutrina pesada’ etc. Sentia que precisava ariscar estratégias próprias, moldadas na minha realidade. Experimentei várias. Umas deram certo, outras nem tanto”, diz. Foi em busca das melhores formas de estudo que Spanholo teve a ideia de começar a fazer resumos das matérias. Ele também fez sinopses de informativos dos tribunais superiores e usou a internet para pesquisas. Ao final, juntou mais de 200 quilos, em 34 caixas, de material de estudo. O acervo foi encaminhado para reciclagem. E toda a preparação para o concurso deu certo. Spanholo ficou entre os 60 primeiros classificados, de acordo com o resultado que saiu em novembro de 2014. Surpreso com a boa colocação, ele se diz orgulhoso da trajetória e atribui o resultado ao esforço e ajuda dos familiares e amigos. “A vida sempre me ensinou que dificuldades existem para serem superadas. Aliás, dificuldades todos têm. Uns mais, outros menos, mas todos enfrentam obstáculos para alcançar seus sonhos. O que diferencia as pessoas é exatamente a forma como elas reagem diante das resistências do cotidiano. Uns se acovardam e se deixam dominar. Outros veem nas dificuldades grandes oportunidades de crescimento, de evolução pessoal”, afirma.

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