Dilma Rousseff (PT) comandará o Brasil
por mais quatro anos. Contudo, a partir de 1º de janeiro de 2015, quando
iniciará seu novo mandato, precisará conversar – e muito – para fazer
as mudanças que prometeu durante o processo eleitoral mais acirrado da
história democrática do país. Já no seu discurso da vitória, na noite de
domingo, Dilma sinalizou estar disposta ao diálogo com políticos,
empresários e a sociedade civil para colocar em prática as reformas,
principalmente a política.
Além da conversa, terá que fazer contas dos apoios
no Congresso. “Em lugar de ampliar divergências, de criar um fosso,
tenho forte esperança que a energia mobilizadora tenha preparado um bom
terreno para a construção de pontes”, disse Dilma.
A presidente precisará de diálogo desde o início da
sua nova gestão. Com menos apoio no Congresso em número de deputados -
seus partidos da base aliada elegeram 304 dos 513 deputados, menos 35 do
que na atual legislatura - e senadores (atualmente ela tem o apoio de
52 e deve ter pelo menos 51 na próxima legislatura) será preciso
caprichar na articulação política. E esses números podem mudar em função
de novos arranjos eleitorais, como por exemplo, uma possível fusão do
DEM com outros partidos.
Mestre em Direito Público pela Universidade Federal
da Bahia (Ufba), o professor de ciência polícia Rodrigo Francco destaca
que a presidente precisará recompor sua base de apoio. “O PT elegeu
menos 18 deputados federais do que a atual legislatura. O PMDB, que faz
parte de sua base, está rachado. Ela governou durante quatro anos com
uma base numérica grande, mas o problema é que ela não conseguia
dialogar”, avalia.
O PMDB, partido do seu vice-presidente Michel Temer,
por exemplo, trará problemas para a articulação política de Dilma. Um
deles é Henrique Eduardo Alves, atual presidente da Câmara de Deputados,
que foi derrotado na disputa pelo governo do Rio Grande do Norte por
Robinson Faria (PSD), candidato apoiado pelo ex-presidente Lula.
Restaram mágoas e queixas públicas de Alves. “A política pode ser
ingrata”, disparou.
Outra dissonância no
PMDB é o senador Eunício Oliveira, derrotado na disputa no Ceará. Um dos
mais influentes caciques peemedebistas, ex-ministro das Comunicações de
Lula e líder do partido no Senado, Oliveira reclamou de ter sido
preterido pelo vencedor, Camilo Santana (PT). iBahia
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