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A
ex-gerente-executiva da Diretoria de Abastecimento da Petrobras Venina
Velosa da Fonseca afirmou na noite deste domingo (21) que informou sobre
irregularidades verificadas por ela "a todas as pessoas que podiam
fazer algo" e que, além de ter registrado suspeitas por e-mail, chegou a
discutir o assunto pessoalmente com a atual presidente da estatal,
Graça Foster, quando a executiva máxima da companhia era diretora de Gás
e Energia. "Naquele momento, discutimos o assunto. Foi passada uma
documentação para ela, sobre as denúncias na área de comunicação (da
Diretoria de Abastecimento, em 2008). Depois disso, ela teve acesso a
essas irregularidades nas reuniões da Diretoria Executiva", disse
Venina. Em entrevista exclusiva ao programa "Fantástico", da TV Globo,
Venina afirmou que irá até o fim nas denúncias e conclamou outros
funcionários da Petrobras a fazerem o mesmo. A ex-funcionária da
estatal, afastada, mês passado, de seu cargo de diretora-geral da
operação da Petrobras em Cingapura, também confirmou as denúncias
veiculadas em reportagem do jornal "Valor Econômico". O jornal revelou
os alertas feitos por Venina, citando "centenas de documentos" internos
da Petrobras. Segundo o "Valor Econômico", as denúncias de Venina às
instâncias superiores da estatal envolviam irregularidades nos gastos de
comunicação na Diretoria de Abastecimento; nas obras da Refinaria de
Abreu e Lima (Rnest), em construção em Pernambuco e cujo orçamento
explodiu de US$ 2 bilhões para US$ 18,8 bilhões, após inúmeros atrasos; e
nas negociações de óleo combustível na Ásia. Entre as pessoas
informadas das irregularidades citadas por Venina na entrevista ao
"Fantástico", além de Graça Foster, estão o ex-diretor de Abastecimento
da estatal, Paulo Roberto Costa, que assinou termo de delação premiada
no âmbito da operação Lava-a-Jato; o atual diretor de Abastecimento,
José Carlos Cosenza; o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e
gerentes-executivos que trabalhavam com ela à época. Venina rebateu a
alegação de Graça de que fora vaga nos alertas feitos antes deste ano.
"Se falar em irregularidades na área de comunicação e problemas nas
licitações não está suficientemente claro, eu, como gestora, buscaria
uma explicação. Principalmente com uma pessoa com a qual eu tinha muito
acesso, porque nós sempre tivemos acesso. Conheci a Graça numa época em
que ela era gerente de Tecnologia na área de Gás (e Energia)",
afirmou. A funcionária afastada também negou que tenha sido cúmplice de
qualquer irregularidade. "Eu trabalhei com o Paulo Roberto, isso não
posso negar", disse Venina, referindo-se ao ex-diretor e hoje delator.
"Se eu tivesse participado de algum esquema, não estaria aqui hoje, não
teria feito a denúncia que fiz, não teria ido ao Ministério Público
entregar o meu computador com todos os documentos que eu tenho, desde
2002", completou a executiva. No fim da entrevista, em tom emocionado em
falar sobre a família e a mudança para Cingapura, Venina afirmou que
irá até o fim nas denúncias e conclamou outros funcionários da Petrobras
a também denunciarem. "Espero que os empregados da Petrobras, porque
tenho certeza que não fui só eu que presenciei, criem coragem e comecem a
reagir. Temos que fazer isso para poder realmente fazer a nossa empresa
ser o que era. A gente tem que sentir orgulho, os brasileiro têm que
sentir orgulho dessa empresa. Eu vou até o fim e estou convidando vocês
para virem também", afirmou. Em nota lida no "Fantástico", a Petrobras
voltou a negar que Graça e Cosenza tivessem sido alertados de
irregularidades antes de novembro passado, reafirmou que as denúncias
feitas por Venina foram apuradas por comissões internas e alegou que
"possivelmente, a funcionária trouxe a público as denúncias porque foi
responsabilizada por uma comissão interna".
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