Antes tarde do que nunca – por Gustavo Falcón


Se o PMDB tivesse se acertado com o PSDB antes da eleição, o Brasil teria evitado essa longa sangria de um ano e quatro meses de segundo governo Dilma. Antes tarde do que nunca. Apesar da acachapante vitória dos favoráveis ao impedimento, ainda resta um desfecho do rito para sua conclusão. Tudo indica que no Senado as coisas não sejam revertidas e que se abra um ciclo senão de prosperidade, de reorganização do Estado para que a sociedade brasileira possa sonhar com dias melhores.
A polaridade PT X PSDB foi vencida pela entrada em cena de um terceiro partido e o vice do PMDB herda um mandato de dois anos antes das próximas eleições.
Nesse tempo de governo Michel Temer e seu programa de ajuste serão submetidos a forte pressão popular agora acrescida dos desafetos que perderão o poder e já deram provas de que são excelentes agitadores de rua. Mas tanto o PT quanto os movimentos sociais terão que assimilar a derrota parlamentar num quadro de respeito as instituições, do contrário, estarão estimulando o que tanto temem: um golpe de verdade que pode aparecer no horizonte caso a paz social, isto é, a ordem seja ameaçada.
A chegada de Temer era a saída possível. As eleições gerais, pelo custo e ineditismo, foram descartadas. Afora o fato de que poderiam trazer de volta o ex-presidente Lula que atrela ao seu carisma hoje uma herança nefasta de desatinos e favorecimento à corrupção.
Mas a subida do PMDB ao pódio não representa, de fato, mudança substancial na política que se faz em Brasília. Ao contrário. Resta esperar que frente à delicada situação de crise a máquina do poder se revele sensível à pressão popular e temendo o pior, possa aproveitar os últimos acontecimentos para zelar pela ética, priorizar a austeridade e apontar um caminho plausível para a retomada do crescimento econômico. E que isso se dê sem custos elevados para a classe trabalhadora e para a classe média.


Comentários

Anterior Proxima Página inicial