A revista britânica The Economist publicou um novo editorial sobre o
Brasil na edição que chega às bancas neste final de semana. Intitulada
"Lidando com Dilma", a publicação aponta os motivos que deixam
brasileiros "fartos" da presidente. Para a Economist, Dilma mentiu na
campanha e os eleitores estão percebendo que foram vítimas de um
"estelionato eleitoral". "Mas um impeachment seria uma má ideia", diz a
revista. "Não é difícil ver por que os eleitores estão com raiva",
afirma a publicação. "Ela presidiu o conselho da Petrobras de 2003 a
2010, quando os promotores dizem acreditar que mais de 800 milhões de
dólares foram roubados em propinas e canalizados para os políticos do PT
e aliados", diz. Além disso, a revista afirma que Dilma venceu as
eleições presidenciais de outubro "vendendo uma mentira". "De fato, como
muitos eleitores estão percebendo agora, Dilma vendeu uma mentira", diz
o texto. A revista diz que os erros cometidos no primeiro mandato de
Dilma levaram o Brasil à situação de crise atual, que exige corte de
gastos públicos e aumento de impostos e juros. "Some-se a isso o fato de
que a campanha de reeleição pode ter sido parcialmente financiada pelo
dinheiro roubado da Petrobras. Os brasileiros têm todos os motivos para
sentirem que eles foram vítimas de um equivalente político do
estelionato", diz o texto. Apesar das palavras duras, o editorial da The
Economist afirma que o impeachment pode ser "um exagero emocional". "A
legislação brasileira considera que presidentes podem ser acusados
apenas por atos cometidos durante o atual mandato", diz o texto. "E,
ainda que muitos políticos brasileiros achem que a presidente é
dogmática ou incompetente, ninguém acredita seriamente que ela
enriqueceu. Contraste com Fernando Collor que embolsou o dinheiro." O
editorial também afirma que as instituições estão trabalhando para punir
os criminosos. "Um impeachment iria se transformar em uma caça às
bruxas que enfraqueceria as instituições, que ficariam politizadas", diz
o texto, que pede que Dilma e o PT assumam as responsabilidades "pela
confusão que ela fez no primeiro mandato, em vez de se tornarem mártires
do impeachment". "Ter Dilma no gabinete fará com que os brasileiros
estejam mais propensos a entender que as velhas políticas é que são as
culpadas, não as novas." (Estadão)
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