terça-feira, 29 de agosto de 2017
Quando
descobriu, em 2008, que sofria de doença de Crohn - um mal crônico que
ataca o intestino - não foi só o diagnóstico que preocupou o servidor
público Raimundo Gonçalves Moreira, de São Paulo. Com a descoberta da
doença, ele soube que precisaria tomar, a cada dois meses, cinco doses
do medicamento Remicade. Cada ampola do remédio custa até R$ 5,1 mil.
Logo, aos 63 anos, Moreira gastaria R$ 25,5 mil a cada 60 dias para
manter o tratamento, um custo considerado impraticável por ele. "Se eu
tivesse que comprar, teria morrido há muito tempo", conta. A vida de
Moreira e de muitos outros brasileiros têm sido mantida graças a um
programa do Ministério da Saúde chamado Componente Especializado da
Assistência Farmacêutica (CEAF), que distribui medicamentos de alto
custo - alguns deles ainda mais caros que os de Moreira. O Sistema Único
de Saúde (SUS) gasta cerca de R$ 7,1 bilhões por ano para comprar esses
remédios. Mas pelo menos uma parte desse valor tem ido direto para o
lixo. Um relatório inédito da Controladoria-Geral da União (CGU),
concluído em abril, mostra que 11 Estados e o Distrito Federal jogaram
remédios fora em 2014 e 2015. As causas do desperdício, que chega a R$
16 milhões, foram validade vencida e armazenagem incorreta. Para se ter
uma ideia do tamanho do problema, o valor perdido seria suficiente para
custear o tratamento de Moreira por 104 anos. Os Estados em que houve
descarte foram Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Pará, Paraíba,
Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Santa Catarina.
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