Cabeça de Imbassahy pode ser prêmio para um presidente refém da Câmara


Cabeça de Imbassahy pode ser prêmio para um presidente refém da Câmara
Foto: Beto Barata/ PR
O ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy (PSDB), não vive, definitivamente, seus melhores dias no Palácio do Planalto. Desde o começo da semana, passou a ser bombardeado dia sim e o outro também pelo chamado “centrão”, grupo de partidos que permanece no governo diante da concessão de benesses para os integrantes. O tucano, cozinhado em banho-maria pelo presidente Michel Temer antes de ser nomeado, é interlocutor do Executivo junto à Câmara dos Deputados e, apesar de não ter conseguido controlar os correligionários na votação da denúncia contra Temer, obteve o número de votos para salvar o mandato do peemedebista. Do dia 3 de agosto para cá, todavia, passou a ser cobrado pelas promessas realizadas durante os dias que antecederam um primeiro salvo-conduto para Temer esperar até 2019 para ser julgado. Além das emendas, Temer cedeu espaços no governo – ou promessas de espaços – para que o “centrão” votasse a favor dele. Imbassahy é o responsável por “pagar” essa fatura. E, segundo as exonerações e nomeações recentes no Diário Oficial da União, tem conseguido desenrolar os cargos nos segundo e terceiro escalões. Porém o apetite dos parlamentares é praticamente insaciável. Para citar um exemplo, a presidência da Codesvasf, considerada cota do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), foi para Avelino Neiva, indicado pelo deputado Heráclito Fortes (PSB-PI). Tanto Nogueira quanto Heráclito seriam considerados do “centrão” e mostram como funciona a autofagia parlamentar por cargos. E os porta-vozes do grupo ainda acusam que o ministro tende a beneficiar apenas a si e aos aliados mais próximos, uma justificativa mais eleitoral do que a negociação comum entre as bancadas e o governo. Apesar de protagonista nesse tabuleiro que tem mais peças do que espaços disponíveis, Imbassahy é coadjuvante nessa batalha entre aqueles que já fizeram a ex-presidente Dilma Rousseff refém e agora tem o novo ocupante do Palácio do Planalto na mesma situação. Mesmo que o ministro não esteja no auge do poder de articulação, retirá-lo do cargo seria mais um atestado que Temer não governa, apenas estaria garantindo a própria foto na galeria de ex-presidentes.

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