Três delatores da Odebrecht que prestaram depoimentos na semana passada
confirmaram que a empreiteira comprou um imóvel em São Paulo em 2010
para a construção de uma nova sede do Instituto Lula. Segundo
informações do jornal Folha de S. Paulo, relataram a compra Marcelo
Odebrecht, ex-presidente do grupo; Alexandrino Alencar, ex-diretor de
relações institucionais; e Paulo Melo, ex-diretor-superintendente da
Odebrecht Realizações Imobiliárias. A aquisição do imóvel, na Rua
Haberbeck Brandão, 178, em São Paulo, é objeto de denúncia aceita pelo
juiz Sérgio Moro Na última segunda-feira (21), na qual o ex-presidente
Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os
procuradores apontam que parte das propinas pagas pela Odebrecht em
contratos da Petrobras foi destinada à compra de um terreno onde seria
construída a sede do instituto. De acordo com as delações de Marcelo,
Alencar e Melo, o imóvel, que oficialmente foi adquirido pela DAG
Construtora, foi pago, na verdade, pela Odebrecht, para a construção da
sede. Os delatores afirmam ainda que a ideia era que outras grandes
empresas ajudassem a construir o prédio. De acordo com os depoimentos,
Lula e a ex-primeira-dama, Marisa Letícia, foram conhecer o terreno, mas
não gostaram do local. Marcelo determinou então a Melo que procurasse
opções, mas o projeto não foi à frente. Apesar do prédio não ter sido
erguido, Moro aceitou a denúncia, justificando que a falta de
transferência na compra do imóvel não prejudica a acusação de corrupção,
configurada pela oferta e pela solicitação da propina. Os procuradores
apontaram o pagamento de R$ 7,6 milhões para a empresa DAG Construtora
em 2010, a partir da quebra de sigilos fiscais e bancários dos
investigados. O processo ainda cita papéis encontrados em buscas no
sítio de Atibaia (SP), frequentado pelo petista, com um projeto de uma
construção no endereço do terreno. Na planilha de pagamentos da
Odebrecht, está listado o item “Prédio IL”. A denúncia também cita um
apartamento vizinho à cobertura onde mora o ex-presidente em São
Bernardo do Campo (SP). O imóvel está em nome de Glauco da Costamarques,
que teria atuado como testa de ferro de Lula, em transação
operacionalizada por Roberto Teixeira, advogado e compadre do
ex-presidente. O imóvel teria sido alugado por Marisa, mas de acordo com
a denúncia, não houve pagamento do aluguel.
Três delatores da Odebrecht confirmam compra de imóvel em SP para Instituto Lula
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
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