Que
atire a primeira latinha de cerveja quem nunca ficou em dúvida sobre os
possíveis riscos de se misturar antibióticos com álcool. Ou sobre o que
é melhor fazer depois de um escorregão no horário: ajustar as próximas
doses, pular a de agora, ignorar a prescrição? E o anticoncepcional,
será que ele perde o efeito enquanto se toma um antibiótico? É
justamente pela falta de informações assim que pacientes em luta contra
infecções muitas vezes cometem o erro mais perigoso quando o assunto é
este tipo de medicação: interromper o tratamento. Seja porque não
resistiu à tentação do álcool ou por qualquer outro motivo que escape ao
que estava previsto para a terapia com antibióticos, o correto é, mesmo
assim, nunca parar a cartela no meio. Conforme explica o infectologista
e professor da Unesp Alexandre Naime Barbosa, outra atitude comum é que
os pacientes, seduzidos pela melhora típica dos primeiros dois dias de
terapia com antibióticos, relaxem quanto à rigidez do tratamento,
ignorando os horários e, muitas vezes, também abandonando os comprimidos
antes do tempo recomendado pelo médico.
1- Nas
primeiras 48 horas, o antibiótico já consegue exterminar boa parte das
bactérias. Há uma melhora no quadro da doença, mas, ainda assim, não
houve tempo de acabar com todas as bactérias. Se a pessoa para de tomar o
remédio, a infecção volta, e pode vir ainda mais forte.
Os
micro-organismos super-resistentes estão cada vez mais presentes em todo
o mundo. São as populares superbactérias. Para Barbosa, o uso
inadequado de antibióticos pela população e a administração de
medicações de forma errada pelos hospitais estão intimamente ligados ao
crescimento do problema. Desde 2010, o Brasil registra infecções
causadas pela KPC (Klebsiella pneumoniar carbapenemase), uma enzima
produzida por bactérias oportunistas, e que já matou pacientes em
estados como Santa Catarina, Paraíba e Minas Gerais. Junto com ela, a
NDM (New delhi metallo-B-lactamase-1), antes identificada apenas na
Índia, também assustou brasileiros com casos em Porto Alegre, em 2013.
Além de interromper o tratamento pelos mais diversos motivos, conduzi-lo
de maneira errada também acaba contribuindo para o surgimento e
proliferação das superbactérias. De acordo com o infectologista, o
famoso ajuste no horário das doses pode ser perigoso.
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