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Por
ordem da presidente Dilma Rousseff, ministros reagiram neste sábado
(21) a informações dando conta de que o governo federal estaria fazendo
manobras para evitar a todo custo a delação premiada do dono da
construtora UTC, Ricardo Pessoa, preso há três meses na Polícia Federal,
em Curitiba. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, negou que
tenha conversado sobre a Operação Lava Jato com o advogado da UTC,
Sérgio Renault, e disse não ter poderes para impedir condenações em
troca do silêncio do investigado. Em nota divulgada à tarde, Cardozo
subiu o tom em relação a declarações anteriores sobre o assunto e chamou
de "mentirosa" a "versão" divulgada pela segunda vez pela revista Veja.
Segundo a publicação, Cardozo se reuniu com Renault, que foi secretário
de Reforma do Judiciário e é seu amigo, para pedir a ele que
convencesse Pessoa a não fechar acordo de delação premiada com o
Ministério Público sobre o esquema de corrupção na Petrobras. O ministro
insiste que o advogado da UTC esteve no Ministério da Justiça,
recentemente, somente para se encontrar com o advogado Sigmaringa
Seixas, que estava lá e com quem iria almoçar. Até agora, Cardozo só
admite ter conversado sobre a investigação com advogados da Odebrecht,
que lhe solicitaram audiência e pediram a apuração de "vazamentos
criminosos" na Lava Jato. "É lamentável que, mais uma vez, Veja se
utilize de supostas declarações de um investigado (Ricardo Pessoa),
encaminhadas à revista por pessoas que se escondem no anonimato, para
buscar atingir a imagem do ministro e de membros do governo federal. Uma
vez identificadas, estas pessoas serão processadas civil e
criminalmente", diz a nota de quatro itens, divulgada pela assessoria de
Cardozo. O governo nega interferência política para barrar um novo
escândalo. Segundo a revista, Pessoa quer contar à Justiça que, no ano
passado, deu R$ 30 milhões que teriam sido desviados da Petrobras para
abastecer campanhas de candidatos do PT. A nota do Ministério da Justiça
afirma que o titular da Pasta "não dispõe de instrumentos para impedir
ou negociar vantagem de qualquer natureza para que uma delação premiada
não se consume" e chama a reportagem de "absurda". "Ele (o ministro) não
tem poderes para determinar o fim de uma prisão, para impedir ou
mitigar uma condenação ou para efetivar qualquer medida que pudesse
oferecer vantagens a um investigado em troca do seu silêncio", diz o
texto. Já o ministro da Defesa, Jacques Wagner, chamou de "ilação" a
informação de que teria recebido doações "clandestinas" da UTC nas
campanhas de 2006 e 2010 ao governo da Bahia e disse não ter "nada a
temer". Wagner afirmou que todas as doações para suas campanhas "foram
declaradas e as prestações de contas, aprovadas pela Justiça
Eleitoral". O ministro negou que tenha recebido contribuição da UTC na
disputa de 2006, quando concorreu pela primeira vez ao governo da Bahia,
mas confirmou a doação da construtora na campanha pela reeleição, em
2010. "Os recursos declarados encontram-se à disposição de qualquer
cidadão para consulta no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)", argumentou
Wagner. Um auxiliar de Pessoa disse a Veja, sob condição de anonimato,
que "Ricardo pode destruir Wagner" se revelar tudo o que sabe ao
Ministério Público e à Polícia Federal. "É uma frase inócua. Minha vida
política está consolidada em três eleições para deputado federal e duas
vitórias em primeiro turno para governador da Bahia", reagiu o
ministro. Tesoureiro da campanha de Dilma, o deputado estadual Edinho
Silva (PT) afirmou, em nota, que a revista tenta "criminalizar doações
legais" e vincular o comitê financeiro da presidente às investigações
efetuadas na Petrobrás. Silva garantiu que a campanha de Dilma "não
recebeu doações da UTC efetuadas por intermédio do Partido dos
Trabalhadores".





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