Foto: EBC
Depoimentos
colhidos durante a Operação Terra Prometida, deflagrada nesta
quinta-feira (27) pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público do
Mato Grosso, apontam o envolvimento do ministro da Agricultura, Neri
Geller, em suposto esquema de venda ilegal de terras da União para a
reforma agrária no estado. Segundo informações do jornal Folha de S.
Paulo, como o titular da pasta tem direito a foro privilegiado, os autos
foram encaminhados ao Supremo Tribunal Federal (STF). Dois irmãos do
ministro, os produtores rurais Odair e Milton Geller, se apresentaram
nesta quinta à PF e estão presos no centro de Custódia de Cuiabá. Outras
40 pessoas foram presas sob suspeita de participar do esquema. Em
sentença a qual Folha teve acesso, o juiz Fábio Henrique Fiorenza afirma
que as apurações indicam que "o chamado 'Grupo Geller' seria comandado"
pelo ministro, que chegou a ter lotes fraudados – o grupo de sua
família tem mais de 15 lotes. Vários outros parentes do ministro são
citados na investigação. Em depoimento, uma funcionária da família "na
condição de ministro da Agricultura, tem se empenhado tanto em
pressionar o superintendente do Incra através do presidente do Incra de
Brasília". Num dos depoimentos, uma funcionária dos Geller diz que o
peemedebista, "na condição de ministro da Agricultura, tem se empenhado
tanto em pressionar o superintendente do Incra através do presidente do
Incra de Brasília". Outro trecho cita que o grupo tomavam os lotes
direcionados para a reforma agrária e ficava com 70% do crédito
concedido pelo governo aos assentados. “Se nós não aceitássemos essas
condições, éramos expulsos do lote e obrigados a assinarmos a
desistência do lote", diz o depoente, que identificou, em outro momento,
familiares de Geller como “laranjas” do esquema. Outro depoimento
afirma que a "organização criminosa tem braços políticos (...) que
fizeram doações para campanhas eleitorais", entre elas a do peemedebista
para deputado federal em 2010. O esquema, de acordo com o que foi
apurado pela PF, envolvia um grupo de empresários e fazendeiros,
incluindo Odair e Milton Geller, que usavam documentos falsos, vistorias
simuladas e força física para tomar as terras, que muitas vezes eram
ocupadas posteriormente por multinacionais. A PF estima um prejuízo de
cerca de R$ 1 bilhão aos cofres públicos.
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